Um dia após a rebelião no presídio de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, acabar com 26 mortos, um novo motim ocorre nesta segunda-feira no local que fica na região metropolitana da capital Natal. De acordo como jornal O Globo, os detentos estão em cima do telhado do presídio com pedaços de pau e gritando ameaças, apesar de o Governo ter anunciado no domingo que a rebelião já havia acabado
O motim ocorreu por uma disputa entre duas facções, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Sindicato do Crime do Rio Grande do Norte, que lutam pelo domínio do sistema carcerário no Estado. O Sindicato do Crime é uma dissidência do PCC, e surgiu por volta de 2012. Os 26 mortos no domingo eram membros do Sindicato do Crime, que agora cobra a saída do PCC do presídio.
Os detentos do PCC estão no pavilhão 5 do presídio. São cerca de 400 detentos pertencentes à essa facção. Eles ameaçam invadir o pavilhão 1, que abriga 200 presos do Sindicato do Crime.
Na madrugada desta segunda-feira, outro presídio no Estado registrou um motim. Detentos do Presídio Provisório Raimundo Nonato, chamado de Cadeia Pública de Natal, se rebelaram contra as 26 mortes ocorridas no domingo. A agitação começou por volta das três da madrugada e já está controlada, segundo informou O Globo. O presídio abriga 550 detentos, mas tem capacidade para 166.
A rebelião de Alcaçuz foi a terceira de uma série de motins iniciados no dia 2 de janeiro no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM). Na ocasião, a guerra entre o PCC e a Família do Norte, outra facção criminosa, deixou 56 mortos, a maioria pertencente ao PCC.
Quatro dias depois, a vingança do PCC ocorreu na na penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima, onde 31 detentos morreram em uma rebelião, a maioria pertencente à Família do Norte e ao Comando Vermelho. As mortes em Natal neste final de semana marcam o troco contra o PCC, apesar de as autoridades não fazerem essa conexão. “Não há confirmação de relação, mas com certeza as rebeliões naqueles presídios incentivaram o que aconteceu aqui”, disse o secretário de Justiça e Cidadania do Rio Grande do Norte, Wallber Virgolino, em entrevista coletiva no domingo.
Nesta terça-feira, o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, tem uma reunião com todos os secretários estaduais de segurança para tratar do tema. O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), participará do encontro e aproveitará a ida a Brasília para pedir ajuda ao presidente Michel Temer.