Ciclones de 1 400 km de diâmetro, mais de 60 luas, e eventos frequentes com auroras boreais que transformam a superfície em um espetáculo de luzes. Um mundo saído de um filme de ficção científica? Nada disso. Trata-se de um velho conhecido nosso: Júpiter, o maior planeta do sistema solar e o quinto mais próximo do Sol. Um dos primeiros cientistas a observá-lo foi o italiano Galileu Galilei (1564 – 1642) há 400 anos. Foi por meio da observação do corpo em um telescópio primitivo que ele descobriu, por exemplo, que Júpiter tinha (ao menos, achava à época) quatro luas. O gigante do Sistema Solar, que sempre habitou a imaginação de pesquisadores e apaixonados pela astronomia, agora parece estar pronto para nos dar algumas respostas a mais, com os primeiros resultados da sonda Juno, que chegou à órbita do planeta em julho de 2016.
As imagens coletadas pelo aparelho e publicadas na última edição (de hoje, dia 25) da revista Science revelam detalhes de um ambiente ainda pouco conhecido. Já se sabia, por exemplo, que a atmosfera do planeta é turbulenta. Porém, Juno identificou, nos polos, a presença de ciclones com diâmetros de até 1400 km. “A novidade aqui não está na descoberta, em si. Mas em poder olhar mais de perto para esse mundo maravilhoso e, assim, começar a desvendar a atmosfera de Júpiter, que é muito mais complexa do que a da Terra”, disse o astrofísico gaúcho Roberto Dell’Aglio Dias Costa, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Além disso, Juno também trouxe informações sobre a parte profunda da atmosfera do planeta, onde encontrou sinais de amônia, um dos compostos responsáveis por formar sistemas climáticos gigantes. Encontrar algo assim ajuda, por exemplo, a saber o que se tem no núcleo do planeta, o qual os cientistas já imaginavam ser rochoso e agora estão um passo mais próximos de confirmar tal teoria.
“Ao saber qual é a composição da atmosfera, conseguimos desvendar o que se tem no centro e, a partir disso, entender como um planeta se formou. Imaginamos que o processo tenha sido parecido com o da Terra e o do Sol. Aqui, no nosso planeta, porém, muito dessa composição original se perdeu. A esperança é que Júpiter tenha mantido isso e possa nos dizer mais sobre como o sistema solar se formou”, explicou o astrofísico paulista Nilton Rennó, da Universidade Michigan (EUA) e colaborador frequente da Nasa.
Fonte: http://veja.abril.com.br