Em uma caminhada de mais de 6 km, que avançou pela noite, os sons dos tambores do Cortejo Afro, Muzenza, Os Negões, Malê Debalê e Okambi entoaram alguns dos principais hinos da afirmação da cultura negra no País. Afoxés, sambas, samba reggae e até mesmo o semba – um estilo musical angolano – levaram as pessoas a percorrer as ruas estreitas da parte histórica de Salvador. Os grupos afro são parte do Fórum de Entidades Negras da Bahia, que organiza o cortejo.
A Caminhada da Liberdade surgiu no mesmo ano da III Conferência Mundial Contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância Correlata, em setembro de 2001, na cidade de Durban, na África do Sul.
“Blocos afros da Bahia e outros grupos do movimento negro se reuniram em prol do legado de Zumbi dos Palmares em torno de uma luta que não se mostra só no dia de 20 de novembro, mas que está no nosso alerta diário de combate ao racismo e na nossa valorização, por meio do empoderamento da mulher, da resistência do carnaval afro e de toda a política de reparação”, afirmou Antônio Carlos dos Santos, o Vovô, fundador do Ilê Aiyê, em 1974, o mais antigo bloco da cidade.
Conquistas sociais
Para o ministro da Cultura, Juca Ferreira, que antes da Caminhada esteve no Parque Memorial Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga (AL), as celebrações em torno da memória de Zumbi dos Palmares valorizam as conquistas sociais da última década. “Na Serra da Barriga e aqui na Caminhada da Liberdade, celebramos as vitórias para reverter o racismo no Brasil, mas também enfatizamos a busca por uma sociedade justa, generosa e igualitária”, ressaltou.
Neste ano, o tema da festa foi a Década Internacional de Afrodescendentes, lançada em julho pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Bahia foi o primeiro estado brasileiro a aderir à campanha. O objetivo principal é promover o respeito, a proteção e a realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais dos povos afrodescendentes, como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Ela foi proclamada pela Resolução n° 68/237 da Assembleia Geral e será observada entre 2015 e 2024.
Berço da cultura afro-brasileira com a maior população negra do Brasil, a Bahia teve também outra manifestação nas ruas de Salvador, a XXXVI Marcha Zumbi dos Palmares, que partiu do Campo Grande, no centro da cidade, em direção à Praça Municipal, organizada pela Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen).
Janaina Rocha
Representação Regional – Bahia e Sergipe
Ministério da Cultura