Centenas de pessoas tiveram celebração improvisada em abrigo perto da divisa entre os dois países

A noite de Natal celebra o nascimento do menino Jesus para os cristãos. Segundo algumas interpretações da Bíblia, esse mesmo menino, nascido em Belém, teve que deixar a cidade em fuga para o Egito com os pais, Maria e José, após o rei Herodes ordenar a morte de todos os bebês homens com menos de 2 anos de idade. Uma narrativa de fuga e desespero com a qual as 350 pessoas que comemoravam o Natal no abrigo Casa del Migrante — Frontera Digna, em Piedras Negras, México, poderiam facilmente se identificar. A ameaça de cartéis e guerrilhas que dominam o narcotráfico, problemas econômicos e regimes políticos autoritários expulsam cada vez mais pessoas de países latino-americanos rumo aos EUA. Como é o caso de Naygerely Meza, que chegara a Piedras Negras no dia anterior.
Assim como outras 7,7 milhões de pessoas — dados do Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) — ela deixou seu país natal, a Venezuela, em busca de uma vida melhor para a pequena Catalina, de 2 anos. Naygerely conta que partiu com o marido e a menina em outubro e vieram “caminhando, de trem, pedindo carona”, percorrendo milhares de quilômetros até a cidade mexicana que faz fronteira com Eagle Pass, no Texas.