Ao examinar os primeiros registros de meteoros feitos no Brasil, no início deste ano, o analista de sistemas Carlos di Pietro e o funcionário público Marcelo Zurita perceberam que poderiam estar diante de algo inédito: uma chuva de meteoros “brasileira”. Como os céus do país nunca haviam sido vasculhados em busca desses resquícios de cometas, fenômenos assim jamais haviam sido identificados por aqui.
Astrônomos amadores e integrantes da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon, na sigla em inglês), fundada em 2014, di Pietro e Zurita reviram os 86.000 registros feitos pela organização e encontraram fortes indícios de que estavam diante de uma completa novidade em território nacional. Mas, para prová-lo, precisariam fazer cálculos astronômicos complexos, que não dominavam. A ajuda veio do interior do Ceará: em Maranguape, o técnico de química Lauriston Trindade passou um mês estudando dezenas de artigos científicos sobre o fenômeno, desenvolvendo fórmulas e planilhas. Fez todas as contas manualmente e descobriu que estava diante não de uma, mas de duas chuvas de meteoros “brasileiras” – a Epsilon Gruids, que poderá ser vista na madrugada deste domingo, e a August Caelids, que risca os céus no início de agosto. Em março deste ano, elas passaram a fazer parte do catálogo oficial das chuvas de meteoros do Meteor Data Center, órgão ligado à União Astronômica Internacional. Na última segunda-feira, outras 23 chuvas de meteoros descobertas pela Bramon foram oficialmente reconhecidas, um feito extraordinário.
Fonte: http://veja.abril.com.br/ciencia/caiu-do-ceu