A intenção do Boa Esporte, de Varginha, clube do Sul de Minas, de tentar ressocializar Bruno Fernandes, pode não ser o mesmo objetivo de um dos seus patrocinadores. Após ser surpreendida pela contratação do goleiro, na tarde da última sexta-feira (10), a empresa Nutrends Nutrition – do ramo de suplementos nutricionais – anunciou o rompimento do contrato com o time mineiro. A empresa expunha sua marca nas mangas da camisa.
O anuncio da quebra de contrato entre a empresa de suplementos que tem sua logo estampada na camisa do Boa Esporte foi feita por meio de uma nota publicada no perfil na Nutrends no Facebook.
“Em reunião extraordinária, a Diretoria da Nutrends® Nutrition decidiu que, a partir de hoje, a empresa não é mais patrocinadora/apoiadora do Boa Esporte Clube.”, disse o texto.
Posicionamento do time
Por meio de nota publicada em seu Facebook, o Boa Esporte alegou não ser o responsável pela soltura do goleiro, contudo diz ser o responsável por ajudar na recuperação do goleiro.
“O que dizer da contratação do atleta Bruno?
O Boa Esporte clube. Equipe de futebol profissional em minas gerais, clube reconhecido nacionalmente, sendo campeão Brasileiro da Série C.
Convive nos últimos dias com uma avalanche de comentários nas redes sociais após noticia da contratação do atleta Bruno.
A cidade de Varginha que é conhecida pela possível aparição de um extraterrestre (ET) convive com a notícia da contratação do atleta Bruno.
A regra legal brasileira é a que todos, inclusive os criminosos mais perigosos, sejam submetidos a um julgamento honesto, imparcial e que a lei seja o fundamento da punição. Por sua vez, quando pensamos na aplicação da lei, certo ou não, suficiente o bastante ou não, justa o suficiente para o caso ou não, o que não podemos deixar de entender é determinado pelo cumprimento da lei. As consequências do erro humano possuem fundamentos de pena corporal. A lei dos homens indica a aplicação de penas variáveis de acordo de uma série de crenças, costumes e ideologias.
No Brasil os criminosos serão apenados com a prisão e, via de regras, colocados em liberdade, deve ser orientado, acompanhado e, não menos, pelo caminho de Deus.
Com certeza um dos motivos da evolução da pena que ela não seja transferida para outras pessoas, que seja pessoal, que não seja definida pela lei do Talião (olho por olho, dente por dente).
O tão procurado estado democrático de direito, a sociedade justa e fiel, a vida em sociedade, segundo critérios civilizados indicam de longa data que o criminoso colocado em liberdade deve ter atenção do estado, atenção suficiente para que possa restabelecer uma vida em sociedade. E ninguém pode negar que não existe vida em sociedade mais digna vida no trabalho. Quem nunca ouviu: o trabalho dignifica o homem? Então o argumento seria asqueroso, nojento ou imoral (a contratação do atleta Bruno), antes de mais nada, legalmente, faz parte da obrigação social da empresa, da sociedade em cooperar com a recuperação de um ser humano. Aqui não se condena a morte ou prisão perpetua. Enquanto isso não refletir a regra legal, a regra é que o egresso, o criminoso colocado em liberdade, possa obter meios de viver em sociedade, trabalhando e procurando dignidade em sua vida.
Onde estaria a contribuição de uma empresa esportiva quando cumpre a lei? Diante desses argumentos podemos afirmar que o Boa Esporte Clube não foi o responsável pela soltura e liberdade do atleta Bruno, mas o clube e sua equipe, enquanto empresa e representada por seres humanos, dotada de justiça e legalidade, podem dizer que tentam fazer justiça ajudando um ser humano, mais, cumprem a legalidade dando trabalho a quem pretende se recuperar.
O Boa Esporte Clube não esta cometendo nenhum crime conforme a legislação Brasileira e perante a lei de Deus.
Já o patrocinador-master do time, o grupo Góis e Silva, de propriedade do empresário Rafael Góis e atuante em diversas áreas comerciais, garante que continuará estampando sua marca na área mais valiosa da camisa.
Em contato com O TEMPO, o grupo afirmou que apoia a contratação de ex-presidiários e acredita na reintegração ao convívio social e ao mercado de trabalho.
Reação
Em 15 horas, a publicação alcançou 4,7 mil curtidas, 753 comentários e 1.224 compartilhamentos. Nos comentários do post, muitos seguidores parabenizaram a empresa pela atitude.
” Parabéns amigos. Vocês acabam de nos mostrar a seriedade desta empresa. Pessoas que se unem à bandidos assassinos tornam se bandidos também. Vocês nos dão uma ponta de esperança de que um dia a justiça será para todos”, pontuou um seguidor.
Em resposta, a Nutrends se desculpou pela demora em dar um posicionamento sobre o assunto e justificou ter sido pega de surpresa pela contratação.
“Não nos pronunciamos antes porque recebemos a notícia no fim da tarde de sexta-feira. A direção não estava reunida e não tínhamos como publicar algo”, esclareceu.
Contrato
O goleiro, que foi revelado pelo Atlético Mineiro, assinou na última sexta-feira (10) contrato de duas temporadas – 2 anos – com o time do Sul de Minas. A apresentação do novo reforço do time mineiro deve ocorrer na próxima terça-feira (14).
Condenação e soltura
Bruno foi condenado em primeira instância a 22 anos e três meses em regime fechado pela morte de Eliza, mas conseguiu ser solto provisoriamente por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do dia 24 de fevereiro.
Fonte: http://www.otempo.com.br